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Antes do Marrocos 2025: Os campeões que construíram o legado do CAN

Antes do Marrocos 2025: Os campeões que construíram o legado do CAN

Poucos dias antes de Marrocos sediar a 35ª edição da Copa Africana de Nações TotalEnergies CAF, o passado da competição oferece um poderoso lembrete do porquê a AFCON continua sendo o evento esportivo mais emocionante do continente.
Do triunfo pioneiro do Egito em 1957 ao sucesso dramático da Costa do Marfim em 2024, o CAN evoluiu para algo mais do que um torneio de futebol. Ela é um reflexo das mudanças políticas, do orgulho cultural e da ambição esportiva da África — um palco onde as nações se apresentaram ao mundo e reescreveram suas próprias histórias.
Ao longo de 34 edições concluídas, campeões emergiram de todos os cantos do continente, cada vitória acrescentando mais um fio a uma tapeçaria de futebol exclusivamente africana.
Começos moldados por um continente em transformação
As origens da CAN estavam intrinsecamente ligadas ao despertar da África. Quando o Egito ergueu o troféu inaugural em 1957 — e o defendeu dois anos depois — o torneio simbolizou um continente começando a encontrar sua voz no cenário global.
O sucesso da Etiópia em 1962 teve um peso semelhante, uma declaração de orgulho nacional numa época em que o futebol servia como uma extensão da identidade política.
Gana então assumiu o protagonismo. Sob a visão pan-africana de Kwame Nkrumah, os títulos consecutivos dos Black Stars em 1963 e 1965 transformaram o futebol em uma declaração de unidade e ambição.
Em 1968, a ascensão do Zaire — atual República Democrática do Congo — sublinhou o crescente equilíbrio geográfico da CAN, sinalizando a chegada da África Central à elite.
Uma competição amplia seus horizontes.
A década de 1970 foi marcada por um período de expansão e diversificação. A vitória do Sudão em solo americano em 1970 inaugurou a década, seguida pela conquista do Congo-Brazzaville dois anos depois.
O triunfo de Marrocos em 1976 destacou-se como um momento histórico. Foi um torneio vencido pela disciplina tática, e não pelo talento, introduzindo um modelo norte-africano que influenciaria as gerações futuras. O retorno de Gana à cúpula em 1978 reforçou seu status como uma das primeiras potências da CAN.
Com o início da década de 1980, a Nigéria conquistou seu primeiro título em Lagos, dando início a uma cultura futebolística que moldaria a África Ocidental por décadas. O sucesso de Camarões em 1984 veio logo em seguida, inaugurando uma era definida por força física, organização e consistência continental.

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Gerações douradas assumem o controle
No final da década de 1980 e na década de 1990, a AFCON entrou em um período de maturidade tática. O triunfo do Egito em 1986 restaurou sua autoridade, enquanto a vitória de Camarões em 1988 confirmou os Leões Indomáveis como uma força continental.
O título conquistado pela Argélia em 1990, em casa, refletiu a sofisticação do futebol do Magreb em seu auge. Dois anos depois, a Costa do Marfim passou por uma emocionante disputa de pênaltis para levantar seu primeiro troféu da Copa Africana de Nações, um momento que encapsulou tanto o drama quanto a imprevisibilidade do torneio.
O sucesso da Nigéria na Tunísia em 1994 veio na sequência de uma geração de ouro liderada por jogadores que logo brilhariam no cenário mundial. Mas poucos momentos se compararam à vitória da África do Sul em 1996 — um triunfo de conto de fadas apenas dois anos após o fim do apartheid, quando o futebol se tornou um símbolo de reconciliação e esperança.
Os títulos consecutivos de Camarões em 2000 e 2002, impulsionados por um jovem Samuel Eto'o, encerraram a era com autoridade e talento.
O reinado inigualável do Egito e o poder curativo do futebol
O início dos anos 2000 apresentou duas narrativas contrastantes. A Tunísia celebrou um triunfo em casa em 2004, mas foi o Egito que logo redefiniu o domínio.
Entre 2006 e 2010, os Faraós alcançaram o que nenhuma outra nação conseguiu: três títulos consecutivos da Copa Africana de Nações. Foi um período de excelência tática, elenco robusto e consistência implacável que consolidou o Egito como a seleção mais vitoriosa da competição.
Então veio um dos capítulos mais emocionantes da CAN. A vitória da Zâmbia em 2012 em Libreville, em um estádio próximo ao local do acidente aéreo de 1993 que vitimou toda uma geração de jogadores, transcendeu o esporte. Foi o futebol como lembrança, resiliência e redenção.
Era moderna, poder em transformação
Na última década, vimos os pesos-pesados tradicionais reafirmarem seu poder — e novos campeões emergirem.
O sucesso da Nigéria em 2013 lembrou ao continente de sua qualidade duradoura. A Costa do Marfim seguiu o exemplo em 2015, finalmente recompensando uma geração de ouro que havia chegado perto do título por anos. Camarões ergueu o troféu novamente em 2017, reforçando sua reputação como os maiores sobreviventes da CAN.
O triunfo da Argélia em 2019 sob o comando de Riyad Mahrez marcou um renascimento tático, enquanto a tão esperada conquista do Senegal em 2022 pôs fim a décadas de frustração e quase vitórias.
A dramática vitória dos marfinenses na edição de 2023, conquistada em casa após uma reviravolta improvável, sublinhou a imprevisibilidade duradoura e o apelo emocional do torneio.
O que os números revelam
Com sete títulos, o Egito se torna a nação mais premiada da competição, um marco de consistência inigualável em qualquer outro lugar.
Os cinco troféus de Camarões e os quatro de Gana demonstram resiliência ao longo das gerações, enquanto Nigéria e Costa do Marfim, com três cada, refletem a força e a competitividade da África Ocidental.
Talvez o dado mais revelador seja a crescente lista de campeões inéditos ou recentes — Senegal, Zâmbia e África do Sul —, o que demonstra que o sucesso na CAN não é mais privilégio de poucos.
AFCON além das medalhas
Cada troféu da CAN carrega um significado que vai além do futebol. As vitórias refletiram renascimentos nacionais, transições políticas e cura coletiva. Das comemorações de rua em Accra às orações da meia-noite em Dakar, os títulos da CAN vivem muito além do apito final.
O torneio proporcionou momentos que definem eras — o levantamento pioneiro do Egito em 1957, o triunfo da África do Sul com a bandeira do arco-íris em 1996, as lágrimas da Zâmbia em 2012 e a aula magistral de tática moderna da Argélia em 2019.
Marrocos 2025: o próximo capítulo
Com Marrocos preparando nove locais para a próxima edição, a expectativa aumenta. Jogar em casa traz oportunidades — e pressão.
Será que o Egito conseguirá recuperar seu trono? O Senegal confirmará seu novo status de potência? Ou outra nação surgirá para reivindicar um lugar na história do CAN, acrescentando um novo capítulo a uma história que já dura sete décadas?
Uma coisa permanece certa: a AFCON refletirá mais uma vez o pulsar de um continente.
Lista dos vencedores do título da AFCON
•    1957 : Egito
•    1959 : Egito
•    1962 : Etiópia
•    1963 : Gana
•    1965 : Gana
•    1968 : Zaire
•    1970 : Sudão
•    1972 : Congo
•    1974 : Zaire
•    1976 : Marrocos
•    1978 : Gana
•    1980 : Nigéria
•    1982 : Gana
•    1984 : Camarões
•    1986 : Egito
•    1988 : Camarões
•    1990 : Argélia
•    1992 : Costa do Marfim
•    1994 : Nigéria
•    1996 : África do Sul
•    1998 : Egito
•    2000 : Camarões
•    2002 : Camarões
•    2004 : Tunísia
•    2006 : Egito
•    2008 : Egito
•    2010 : Egito
•    2012 : Zâmbia
•    2013 : Nigéria
•    2015 : Costa do Marfim
•    2017 : Camarões
•    2019 : Argélia
•    2021 : Senegal
•    2023 : Costa do Marfim

Cvsports.cv C/ Cafonline

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